CICLOS e PROGRESSÃO CONTINUADA
Sabemos que a educação no Brasil tinha
finalidade de preparar as crianças da elite para se destacarem de alguma forma.
E neste modo de empreender na educação, ficou clara a seleção, classificação e
exclusão de muitos em detrimento de outros. E quando o capitalismo, com a
industrialização e urbanização deslanchou, começou uma preocupação em
escolarizar a classe trabalhadora.
Com
o passar do tempo, houve inovações provenientes de ciências que tinham o
conhecimento, o desenvolvimento infantil e pedagógico como foco. Daí surge
elementos que caracterizavam uma progressão no saber e colocava o aprendiz no
centro deste processo. E, uma vez que o centro deslocou-se para a criança,
houve um balanço nas estruturas políticas e na pedagogia que era utilizada até
então. Com tudo isso, a criança deveria permanecer na escola para se habilitar
ao exercício da cidadania, para o trabalho e “praticar” a aprendizagem como um
processo contínuo, sem interrupções, sem retenção, apresentando avanços em
relação ao seu estágio anterior e o mais importante, em seu próprio ritmo.
Para
“convencer os professores de tamanha mudança, foram utilizados conceitos
baseados em Piaget, Emília Ferreiro e Paulo Freire, afirmando que “todos são
capazes de aprender e que a aprendizagem é ininterrupta e não linear.”
Mas, tanto em Ciclos como na Progressão
Continuada, o que ocorre não são apenas alterações no regime tradicional de
funcionamento da escola. Havia e há a preocupação de regularizar o fluxo de
alunos na educação básica e que estes cumpram com este período de suma
importância na e para vida. Não é
promoção automática ou extinção da reprovação, é dinamizar o funcionamento das
escolas, com formação continuada para professores, maior envolvimento da família,
flexibilidade no currículo e uma avaliação que leva em conta toda a
infraestrutura escolar, não apenas o discente. Tudo isso confrontando com a
segurança da tradição, rompendo as barreiras da mesmice.
Mas, uma proposta curricular imposta
acaba por representar uma barreira de antemão. Esta mudança deveria passar pelo
cunho de todos os envolvidos. A comunidade, após ser esclarecida sobre como a
proposta da reforma educacional garante a existência da aprendizagem, de forma
que a trajetória do aluno não sofra interrupções. E, quanto a avaliação, esta
deve ocorrer de forma que estabeleça pontos estratégicos para revisão ou avanço
de conteúdos primordiais ao aprendizado, levando a unidade de ensino a repensar
seu agir de acordo com o resultado obtido. Portanto, avalia-se a escola e seu
desempenho e não somente o aluno ou o trabalho exclusivo de seu atual
professor.
Bem, historicamente falando, o fato de a Progressão Continuada
ter se originado na Europa e este continente estar há séculos na frente em se
tratando de educação há de convir que o Brasil, é um infante na história
da educação mundial. Estamos engatinhando em busca dos primeiros passos rumo
aos acertos. E, são as pesquisas, as discussões e reflexões sobre as mudanças
no sistema educacional que serão as bases desta construção, onde todos os
envolvidos devem manter focados na educação para não cair em pré-conceitos
estabelecidos por nossa cultura.
Há de se humanizar mais, proporcionando
diálogo e compromisso entre profissionais, para que o caminho a ser percorrido
seja calcado por interação entre todos aqueles que estão em busca de uma
educação que faça sentido e se faz sentida, atendendo de forma justa e eficaz,
sem exclusão ou discriminação, de acordo com as propostas de inclusão e com a
autonomia que se almeja.
Referências:
Entrevista: Prof. Dra. Elba Siqueira de Sá Barretos
Tele aula: PROFª.DRA. Marília Claret Geraes Duran
Entrevista: Prof. Dra. Elba Siqueira de Sá Barretos
Tele aula: PROFª.DRA. Marília Claret Geraes Duran
ARROYO,
Miguel G., Ciclos
de Desenvolvimento Humano e Formação de Educadores.
GUILHERME,
Claudia Cristina Fiorio, O Regime de Progressão Continuada no Estado de São Paulo
na Voz dos Professores do Ciclo I : PRIMEIRAS REFLEXÕES
LEME,
Roberto Augusto Torres, A progressão continuada e o sistema de ciclos: mais uma
reforma escolar.
BARRETTO,
Elba Siqueira de Sá, SOUSA, Sandra Zákia , Estudos sobre ciclos e
progressão escolar no Brasil: uma revisão.
SPADA,
Flávia de Carvalho, UM ESTUDO SOBRE PROGRESSÃO CONTINUADA